31.7.09

saudade



 


Em alguma outra vida,
devemos ter feito algo de muito grave,
Para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé , doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e
pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca
existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença,
e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ela na sala,
sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas
sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo,
mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa
daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como
prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela
mania de estar sempre culpada,
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se
aprendeu a entrar na internet,
A encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a
estacionar entre dois carros,
Se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua
detestando McDonalds,
Se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas
comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais
compridos...
Não saber como encontrar tarefas que lhe
cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de
uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio
que nada preenche.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo
tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se
ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama,
e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido
enquanto escrevia ...E o que você provavelmente
estará sentindo depois que acabar de ler.

alternativas


Sempre que houver alternativas


Tenha cuidado.


Não opte pelo conveniente,


Pelo confortável,


Pelo respeitável,


Pelo socialmente aceitável,


Pelo honroso.


Opte por aquilo que faz seu


“CORAÇÃO VIBRAR”


Opte pelo que gostaria de fazer...


Apesar de todas as conseqüências.


(OSHO)

amantes


Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas
as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação

felinos


Amo gatos. Amo suas vibrissas, que,quando criança,cortava pensando estar fazendo a barba do bichano. Suas unhas, que já me retalharam de cima a baixo (nunca deixei de pegar um sequer no colo, mesmos os ariscos ou sarnentos). Amo os dentes afiados. O andar deliciosamente rebolante (cresci tentando imitá-los e hoje rebolo tanto que parece que vou desconjuntar). Amo a maneira como se lavam, o modo como dormem, encolhidos. Os grandes olhos amarelos. Mas o que mas amo é o que muita gente odeia:a personalidade.

Eles não precisam de você, ou de mim, pra dar comida, arrumar uma gata gostosa, ou se distrair. Sabem muito bem viver sozinhos, mas oferecem o prazer de sua companhia. se tivermos à altura, é claro.Gatos só se deixam “criar”por pessoas pelas quais têm o mínimo de respeito(você costuma ver mendigos ou bêbados com gatos de estimação?).Independentes.

Eles nos olham como se fôssemos completos imbecis –que somos – quando balbuciamos alguma estupidez do tipo “xaninho vem com a mami”: ora, já que vamos abrir o bocão, que seja para algo que preste. Ou os deixemos dormir em paz, que o sono é sagrado, meu amigo. Cínicos.

Amo no gato a suprema indiferença e a distinção com a qual ele passa dos salões ao telhado. Elegantes. Pouco importa se moram num lixão ou numa almofada fofa, os gatos satisfazem-se com o que são e não precisam ir a um pet shop colocar lacinho e perfume pra serem aceitos. Não admitem humilhação: que gostem dele do jeito que são ou os esqueçam, porque para eles tanto faz.

Charmosos. Nunca se vêem gatos transando, muito menos atracado no meio da rua, de bando. São amantes noturnos e discretos. o máximo de participação que nós temos no ritual é auditiva- ou líquida, quando os mais babacas jogam água pra apartar.E, mesmo aparecendo sem um pedaço da orelha no dia seguinte, aquele olhar sacana vale a noite de sono perdida com a gritaria.É impossível se zangar com um gato.

Eles não fazem festa quando chegamos em casa, não babam com o linguão pra fora ou rolam pelo chão, mas sabem direitinho quando estamos tristes. Daí chegam, como quem não quer nada, sobem no nosso colo, ronronam (ah, como adoro esse barulhinho!), dormem um pouco e vão embora.Não são disponíveis nem estão ao alcance da mão o tempo todo, é certo, mas quando um gato está com você pode ter certeza de que ele não gostaria de estar em mais nenhum outro lugar.E nem faz aquilo por hábito ou obrigação.Diferentemente dos cães, gatos não querem ter um dono, e sim compartilhar bons momentos. Honestos.

Conviver com eles requer maturidade. Não são traiçoeiros, são livres.

Nunca bajulam. São autênticos, por isso são difíceis.É muito mais fácil lidar com mentiras gentis, babação de ovo, puxação de saco, não é? E agora não me refiro só a felinos...

Gatos são muito parecidos com os humanos, por isso tanta gente os odeia: sabemos tão pouco lidar com eles como conosco mesmos. Parecidos, mas melhores: Não Mentem, não tem hierarquia, não fingem gostar de crianças, não sorriem quando na verdade querem te estraçalhar.São rancorosos (experimente maltratar um deles e, inadvertidamente cruzar com ele de novo), preguiçosos, sedutores, imprevisíveis.Enigmáticos, interessantes, sagrados.Defeitos e virtudes no ponto certo.

amizade


LOUCOS E SANTOS


(não é de Oscar Wilde)


 


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.


Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.  


A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.  


Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.  


Deles não quero resposta, quero meu avesso.  


Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.  


Para isso, só sendo louco.  


Quero os santos, para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
 


Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.  


Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.  


Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.  


Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.  


Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.  


Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de prendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
 


Não quero amigos adultos nem chatos.  


Quero-os metade infância e outra metade velhice!  


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
 


Tenho amigos para saber quem eu sou.  


Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.