Ilustração de J.M. Moreau
1741-1814
Apologia de Sócrates
Apologia de Sócrates (por vezes simplesmente Apologia) é a versão de Platão de um discurso dado por Sócrates. Apologia de Sócrates é considerado o segundo livro da tetralogia formada pelos seguintes diálogos: Eutífrone, onde vemos o filósofo, ainda livre, indo para o tribunal a fim de conhecer as acusações que lhe foram movidas pelo jovem Meleto; a Apologia, com a descrição do processo; o Críton, com a visita de seu amigo mais querido ao cárcere; o Fédon, com os últimos instantes de vida e o discurso sobre a imortalidade da alma.
Em apologia de Sócrates o mesmo faz sua defesa sobre as acusações de "corromper a juventude, não acreditar nos deuses, e criar a nova deidida".
Sócrates começa a sua defesa advertindo que dirá unicamente a verdade e, ao mesmo tempo, afirmando que seus acusadores nada disseram de verdadeiro, embora tenham sido tão convincentes, que quase fizeram o próprio Sócrates crer que era culpado pelo que não fez. Demarca-se aqui a contraposição entre a sofística e a filosofia: Sócrates alega que, apesar de não ter a experiência de falar em tribunais e não dominar a retórica própria deste ambiente pronunciará exclusivamente a verdade, sua preocupação como filósofo; seus denunciadores, ao contrário, não teriam compromisso com ela, mas apenas com a persuasão, com o uso da retórica para obtenção de seus interesses. O filósofo resgata as acusações que pesam sobre ele, desde as mais antigas, que não faziam parte do processo, mas poderiam influenciar a decisão dos juízes, até as mais recentes e oficiais. As denúncias que pesam contra Sócrates são a de não reconhecer os deuses que o Estado reconhece, de introduzir novos cultos, e, também, de corromper a juventude, pelo que receberia pena capital, caso fosse julgado culpado. Essa acusação é assinada por Meleto, que representa os poetas, mas não somente ele, também Ânito, representante dos políticos e artífices e Licon, ligado aos oradores.
Pouco se sabe sobre Mileto. Teria sido um tragediógrafo, cujos motivos para acusá-lo, Sócrates alega desconhecer. Ânito é tido como o provável mentor do processo. Era um cidadão importante, pertencente a uma família de ricos comerciantes de curtumes, fora general a serviço de Atenas. Destacou-se no cenário político , ganhando simpatia por não pleitear recompensas pelos prejuízos econômicos, que sofrera durante a oligarquia. As razões que o levaram acusar Sócrates foram muitas, dentre elas, o relacionamento desaprovado de seu filho com o filósofo. Sobre Licon, pouco se sabe. Foi um orador relativamente afamado em Atenas, cujos motivos para a acusação, Sócrates afirma desconhecer.
Em sua defesa, Sócrates, que atesta veementemente sua franqueza, menciona que o Oráculo de Delfos afirmou ser ele o homem mais sábio de sua época, pois ao inquirir os políticos, os poetas e os artífices, todos afirmavam obter a plena sabedoria, e que somente ele, Sócrates, era o verdadeiro sábio, porque tinha a plena noção de sua “douta-ignorância” (“Sei que nada sei”).
Depois de ser julgado, enquanto aguarda a sentença, Sócrates volta a fazer o que pensa ser justo, mesmo que suas ações o levem à morte. Ao ser julgado, Sócrates diz não estranhar a decisão, mas sim a razão dos votos contra (230) e a favor (280) da condenação. Lamenta as leis de Atenas que lhe concedem pouco tempo para sua defesa, em comparação a outras cidades em que a lei impede que uma pena de morte possa ser ditada em apenas um dia, e que por isso, seria impossível se desfazer de tantas acusações em tão pouco tempo. Sócrates, afirma que não se arrepende da sua defesa, pois os que o condenam serão condenados mais tarde. E pronuncia um discurso elogioso sobre a morte, destacando o desconhecimento que o homem tem de sua real natureza, e elencando as duas hipóteses: a da morte ser um sonho eterno e uma ausência de sentidos ou simples passagem para um outro mundo, regozijando-se com ambas.
"Mas já é hora de nos retirarmos, eu, para morrer, e vocês para viverem. Entre vocês e eu, quem está melhor? Isso é o que ninguém sabe, exceto Zeus."
Críton seu grande amigo tentou de todas as formas convencê-lo para que fugisse. Mas Sócrates preferiu esperar a volta do navio que era o marco para a sua morte. Ele então tomou "cicuta", o veneno que o levou à morte! Kátia, vejo que vc trata de temas sempre interessantes!!! gde abraço.
ResponderExcluir