29.12.09

Sêneca









 








 Sêneca - Lucius Aneus Seneca (4a.C. - 65d.C.)







Lucius Aneus Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano de 4 a.C. Conhecido como Sêneca o Jovem, era filho de Sêneca filho de Lúcio Aneu Sêneca o Velho, célebre orador. Devido a sua origem ilustre foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia.

Por problemas de saúde viajou para o Egito, onde ficou até se curar (31). Quando regressou a Roma iniciou sua carreira como orador e advogado, participando ativamente da vida política e logo chegou ao Senado.

Envolvido em um processo por causa de uma ligação com Júlia Livila, sobrinha do imperador Cláudio, foi exilado na Córsega durante os anos de 41 a 49. No exílio dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre eles Consolationes, em que expôs os ideais estóicos clássicos de renúncia aos bens materiais e busca da tranqüilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação.


Perdoado por interferência de Agripina, sobrinha do imperador, voltou para Roma no ano de 49 e, no ano seguinte, foi nomeado pretor. Com a morte de Cláudio em 54 escreveu a obra-prima das sátiras romanas, Apocolocyntosis divi Claudii, contra o ex-imperador. Com Nero, filho de Agripina, nomeado imperador, tornou-se seu principal conselheiro e orientador político.


Com o avanço dos delírios de Nero e a execução de Agripina no 59, Sêneca, depois de condescender um pouco com os maus instintos de Nero, retirou-se da vida pública em 62, passando a se dedicar exclusivamente a escrever e defender sua filosofia. No ano de 65 foi acusado de participar na conjuração de Pisão, recebendo de Nero a ordem de suicídio, que executou em Roma, no mesmo ano.


Sêneca escreveu oito tragédias, que foram uma espécie de modelo no Renascimento e inspirou o desenvolvimento da tragédia na Europa. No entanto, seu maior sucesso foram os seguintes tratados de moral:


Da Brevidade da Vida;


Da Vida feliz;


Da Clemência;


Dos Benefícios; etc.


Essas obras, desenvolvidas de maneira agradável, são consideradas as máximas da filosofia estóica (filosofia caracterizada, sobretudo, pela consideração do problema moral, constituindo a ataraxia o ideal do sábio).


 






 







 


 

25.12.09

Dadaismo



O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna iniciada em Zurique, em 1916, na época da guerra, no chamado Cabaret Voltaire, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão. A neutralidade desta cidade tornou-a refúgio de artistas plásticos, desertores, políticos e escritores de toda a Europa. A decepção que experimentavam com os horrores da guerra levou-os a criar um movimento na intenção de provocar, ironizar e negar os conhecimentos e habilidades da estética tradicionalmente aceita e admirada


A palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau".  Esse nome escolhido não fazia sentido,  assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra.


O dadaísmo foi um movimento com forte conteúdo anárquico, possuía como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais.


O Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente, firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.
O Cabaret


A idéia inicial era a realização de um espetáculo internacional de Cabaret com diversas músicas, recitais de poesia e exposição de obras. A brochura “Cabaret Voltaire”, a inauguração da “Galeria Dada” em 1917 e as revistas “Dada”, seguidas de livros sobre o movimento, ajudam a popularizá-lo. 


Principais características


O Dadaísmo é caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio, Enfatizou o ilógico e o absurdo. Entretanto, apesar da aparente falta de sentido, o movimento protestava contra a loucura da guerra. Assim, sua principal estratégia era mesmo denunciar e escandalizar.


Sua tendência extravagante e baseada no acaso serviu de base para o surgimento de inúmeros outros movimentos artísticos do século XX o Surrealismo, o Expressionismo Abstrato.


É niilista, busca uma desvalorização e a morte do sentido, estimula o espontâneo, trabalham com o acaso, fazem montagens e colagem de imagem e das diferentes formas de expressão, incorporam objetos, sons e imagens do cotidiano nas suas obras. Abrange as áreas das artes plásticas, fotografia, música, teatro, etc.


Receita para fazer um poema dadaísta:







Ø  Pegue um jornal.


Ø  Pegue a tesoura.


Ø  Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.


Ø  Recorte o artigo.


Ø  Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.


Ø  Agite suavemente.


Ø  Tire em seguida cada pedaço um após o outro.


Ø  Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.


Ø  O poema se parecerá com você.


Ø  E ele um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.





 


 

22.12.09

A um gato



A UM GATO


 


Os espelhos não são mais silenciosos,


Nem mais furtiva a aurora aventureira:


Eras, à luz da lua, essa pantera


Que ao longe divisamos, temerosos.


Por obra indecifrável de um decreto


Divino, te buscamos baldamente;


Mais remoto que o Ganges ou o poente,


A solidão é tua, e o mais secreto.


Teu lombo condescende à vagarosa


Carícia de uma mão. Tens admitido,


Desde essa eternidade que é já olvido,


O amor de minha mão tão receosa.


Em outro tempo estás: és dom, suponho,


De um âmbito cerrado como um sonho.


 


 


Jorge Luis Borges


 


 

23.11.09

poesia sem nome


O que não morre quando quero que morra;


Que sofre quando não quero que sofra;


Que sopra forte quando espero brisa;


Que arrasa tudo e antes nem me avisa -


Que é isso que me destrói?


Se é isso que chamam amor,


Minha nossa como dói.


 


Fabricio Couto Martins


http://fabricioblogbrazil.spaces.live.com

chumbo nas nuvens


 

Chumbo nas nuvens


Como eu queria poder
descansar minha cabeça
pesada de chumbo
num travesseiro de nuvens...
E quem dera o chumbo pudesse se sustentar
sobre as nuvens brancas...
quem dera eu pudesse
sonhar sonhos leves como algodão
ou refrescantes flocos de neve...
quem dera agora eu pudesse
deixar que o vento me carregasse e,
lenta e calmamente me entregasse
a cantos mais tranqüilos
e serenos da vida...


 


 Fabricio Couto Martins


http://fabricioblogbrazil.spaces.live.com

19.11.09

A idade da razão


"Uma vida pensou Mathieu, é feita de futuro.

Era ele que eles  tinham esperado vinte anos, era dele, desse homem cansado, que uma criança dura exigira a realização de suas esperanças; dependia dele que os juramentos infantis permanecessem infantis para sempre, ou se tornassem os primeiros sinais de um destino.

Seu passado sofria sem cessar os retoques do presente; cada dia vivido destruía um pouco mais os velhos sonhos de grandeza, e cada novo dia tinha um novo futuro; de espera em espera, de futuro em futuro, a vida de Mathieu deslizava docemente... em direção a quê? Em direção a nada."

 

 

A idade da razão,de Jean Paul Sartre.

 

Sim ou Não


Escolhas são excludentes,


Para todo sim, existe um não.


Simone de Beauvoir

impressionismo


 

O Impressionismo no contexto histórico-artístico-cultural

O Ocidente, entre final do século XVIII e início do século XIX, é varrido por uma onda de revoluções liberais.
Toda esta situação vem provocar mudanças, principalmente na política, verificando-se uma maior estabilidade, devido ao triunfo das democracias liberais européias e à consolidação da burguesia. 
Contudo, as cidades tornam-se símbolos da vida moderna, com os seus caminhos-de-ferro, novos processos de comunicação, novos meios de transporte.Também se verifica a intensificação da vida noturna, sendo que as sociedades se tornaram mais otimistas e amantes do que é moderno. Ou seja, há uma urbanização intensa das principais cidades européias.
Durante o período que ficou conhecido como Belle Époque, a França era um país sem muitos problemas. Entre 1875 e 1914, verificam-se, então, algumas alterações:
- Crescimento das cidades, tendo Paris como protagonista;
- Canalizações, esgotos, estações e mercados, bem como parques, boulevards e edifícios públicos (ópera) são algumas das obras realizadas;
- A iluminação vem permitir a circulação à noite, sendo, então, possível as exposições estarem abertas até mais tarde;
- Os cafés continuam a ser o centro da vida pública e das tertúlias artísticas e literárias.
 Outras características deste período são o Capitalismo e a industrialização em ascensão, bem como o avanço das ciências e técnicas. São criações desta época o telefone, a eletricidade, o cinema e a fotografia, grandes símbolos de Modernidade. 
Começam a organizar exposições universais, para apresentar as inovações. 
Paris torna-se o centro da vida artística e cultural ocidental. 
Na arte verificaram-se diversas alterações, que mudaram o sentimento do artista perante a obra de arte e, também, perante a Arte em geral. 
Verificam-se um afastamento da Arte em relação ao religioso e político, numa tentativa de aproximação ao indivíduo, enquanto criador e consumidor. Para tal, foi instalado um mercado de arte e estabelecido um círculo de críticos de arte. 
Verifica-se uma revolução nas técnicas, nos objetivos. Acontece, então, o inédito. Surgem duas Tendências Artísticas: 
Por um lado, o conservadorismo acadêmico, os que se diziam os guardadores da verdadeira arte. 
Por outro, os que desejavam inovar, os que estavam sujeitos à não-aceitação por parte dos acadêmicos, mas que acabariam por se impor como corrente/escola e que viriam a ser a base da arte do século XX, o IMPRESSIONISMO.
O Impressionismo foi um movimento cultural surgido no século XIX na pintura, tendo esse nome pois o quadro que deu início a esse movimento foi o quadro Impressão, nascer do sol de Claude Monet em 1872
em que Louis Leroy, amigo de Monet, escrever em uma de suas críticas: "Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha". A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando na pintura.
O pintor mais reverenciado do Impressionismo para a critica foi, sem sombra de duvidas Claude Monet.
mas ainda podemos destacar a importancia que tiveram Degas, Renoir e Manet.

características da pintura impressionista:





  • A pintura deve mostrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz do sol num determinado momento, pois as cores da natureza mudam, dependendo da incidência da luz do sol.


  • É também com isto uma pintura instantânea(captar o momento), As figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro passando a ser a mancha/cor.


  • As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena.


  • As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário,devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica.

características do impressionista:





  • Rompe completamente com o passado.


  • Inicia pesquisas sobre a óptica/ efeitos(ilusões) ópticas.


  • É contra a cultura tradicional.


  • Pertence a um grupo individualizado.


  • Falam de arte, sociedade, etc: não concordam com as mesmas coisas porém discordam do mesmo.


  • Impressão, nascer do sol de Claude Monet em 1872

16.11.09

Cubismo









O Cubismo é um movimento artístico, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque.

O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes. Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.

O cubismo se divide em duas fases:

Cubismo Analítico - (1909) caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho, cinza e bege.

Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis

Principais características


  • geometrização das formas e volumes;

  • renúncia à perspectiva;

  • o claro-escuro perde sua função;

  • representação do volume colorido sobre superfícies planas;

  • sensação de pintura escultórica;

  • cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.

LiteraturaOs princípios do cubismo aparecem na poesia. Desmonta-se a linguagem em busca da simplicidade e do que é essencial à expressão. 
O resultado são
palavras soltas, escritas na vertical, sem a tradicional continuidade. O expoente é o francês Guillaume Apollinaire (1880-1918), que influencia toda a poesia contemporânea.Ao dispor versos em linhas curvas, transforma-se em precursor do concretismo.

13.11.09

Paixão


"Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença".

a escuridão


"A escuridão envolve-nos a todos, mas enquanto o sábio tropeça em alguma parede, o ignorante permanece tranquilo no centro da sala"

6.11.09

O Fédon


o julgamento de Sócrates

 


 


imagem de Sócrates recebendo cicuta, gravura de Chodoviecki 1726-1801


O Filósofo grego, Sócrates, foi condenado pelo tribunal à pena de morte por ter sido injustamente acusado de corromper a juventude e não adorar alguns deuses.
Pela tradição grega, os condenados à morte bebiam a cicuta, mas só o poderiam fazer depois do pôr do sol. No último dia de vida, esperando que o sol se pusesse no horizonte, Sócrates põe em dia as últimas palavras com os seus discípulos que se encontravam com ele nessa tarde dramática na prisão.


Fédon trata dos últimos ensinamentos de Sócrates.


Em Fédon, Platão trata de suas idéias sobre a alma. Para ele, a alma era imortal, indestrutível. Os discípulos estão perplexos com a tranqüilidade de Sócrates diante da perspectiva da morte. O filósofo explica porque o verdadeiro amante da sabedoria não pode temer a morte. A vida é uma prisão para o espírito,  e o homem não tem direito de libertar a si mesmo. Como a alma é imortal, a morte equivale a uma libertação e seu destino para os que se dedicaram a purificar-se, é um mundo melhor em companhia dos Deuses e das pessoas que foram melhores do que ele. Para os maus, é uma punição antes da volta à vida através de outro corpo.


Filosofar é preparar-se para a morte, pois a alma se separa do corpo e fica livre para atingir a verdadeira sabedoria. O corpo, através dos sentidos, nos engana com suas sensações e prazeres. É impossível obtermos qualquer conhecimento puro enquanto a alma estiver unida ao corpo, pois é confundida por ele. A purificação consiste em apartar-se cada vez mais do corpo e este é o exercício do filósofo.


Eis o que deve pensar meus companheiros, um filósofo, se realmente é filósofo;  nele há de existir a forte convicção de que em parte alguma, a não ser num outro mundo, poderá encontrar a pura sabedoria.


Platão também apresenta a teoria dos contrários ou seu Princípio da Geração. O maior só existe porque antes foi menor, o mais forte só existe porque antes foi mais fraco, a vida só existe porque antes havia a morte. “É das coisas contrárias que nascem as coisas que lhes são contrárias”. Uma conseqüência é que os vivos provém dos mortos, assim como os mortos provém dos mundos, implicando na imortalidade da alma.


Platão trata também de sua teoria do conhecimento. As almas, antes de unirem-se ao corpo, possuem o conhecimento das coisas em si, pois a contemplam no outro mundo. No nascimento, elas se esquecem do que sabem e através da vida, ao tomar contato com o que já conheciam, vão relembrando, aprender nada mais é do que recordar.


Para Platão, a alma se assemelha ao que é divino enquanto que o corpo aproxima-se do mortal. O corpo relaciona-se à alma através da servidão e obediência. A alma possui a capacidade de pensar, possui uma forma única e é indissolúvel enquanto que o corpo é desprovido de inteligência, multiforme e que está sujeito à decomposição.


O destino das almas, como é imortal, é a purificação. Para isso, é necessária a doutrina da reencarnação. A alma, ao separar-se do corpo, retorna para o mundo dos mortos onde é julgada por seus atos. Depois de um período de punição, retorna ao mundo dos vivos através de outro corpo até que atinja a purificação necessária para permanecer no outro mundo.


Que esteja poluída, e não purificada, a alma que se separa do corpo; do corpo, cuja existência ela compartilhava; do corpo, que ela cuidava e amava, e que a trazia tão bem enfeitiçada por seus desejos e prazeres, que ela só considerava real o que é corpóreo, o que se pode tocar, ver, beber, comer e o que serve para o amor; ao passo que se habituou a odiar, a encarar com receio e evitar tudo quanto aos nossos olhos é tenebroso e invisível, inteligível, pelo contrário pela filosofia e só por ela apreendido! (...) E quanto à espécie divina, absolutamente ninguém, se não filosofou, se daqui partiu sem estar totalmente purificado, ninguém tem o direito de atingi-la a não ser unicamente aquele que é amigo do saber!


Fédon é seguramente um dos livros mais importantes de Platão. Nele fica patente que para o filósofo, a alma é imortal e não pode ser destruída. Rejeita o mundo captado pelos sentidos como falso e um obstáculo para obtenção da verdadeira filosofia. O verdadeiro filósofo não pode temer a morte, pois esta nada mais é que a libertação de sua alma da imperfeição do seu corpo.


A filosofia de Platão é extremamente otimista, pois a imortalidade da alma nos garante que um dia chegaremos à purificação, como pode ser constato no seguinte trecho:


Uma vez evidenciado que a alma é imortal, não existirá para ela nenhuma fuga possível a seus males, nenhuma salvação, a não ser tornando-se melhor e mais sábia.


O homem pratica o mal por ignorância, por não ter conhecimento, não ter a sabedoria. Através da filosofia, se purifica cada vez mais, atingindo então a bondade absoluta e seu descanso junto aos deuses e espíritos perfeitos.


 

4.11.09

Apologia de Sócrates

Prison of sócrates, Atenas


A morte de Sócrates.


Ilustração de J.M. Moreau


1741-1814 


 

Apologia de Sócrates


Apologia de Sócrates (por vezes simplesmente Apologia) é a versão de Platão de um discurso dado por Sócrates. Apologia de Sócrates é considerado o segundo livro da tetralogia formada pelos seguintes diálogos: Eutífrone, onde vemos o filósofo, ainda livre, indo para o tribunal a fim de conhecer as acusações que lhe foram movidas pelo jovem Meleto; a Apologia, com a descrição do processo; o Críton, com a visita de seu amigo mais querido ao cárcere; o Fédon, com os últimos instantes de vida e o discurso sobre a imortalidade da alma.


Em apologia de Sócrates o mesmo faz sua defesa sobre as acusações de "corromper a juventude, não acreditar nos deuses, e criar a nova deidida".


Sócrates começa a sua defesa advertindo que dirá unicamente a verdade e, ao mesmo tempo, afirmando que seus acusadores nada disseram de verdadeiro, embora tenham sido tão convincentes, que quase fizeram o próprio Sócrates crer que era culpado pelo que não fez. Demarca-se aqui a contraposição entre a sofística e a filosofia: Sócrates alega que, apesar de não ter a experiência de falar em tribunais e não dominar a retórica própria deste ambiente pronunciará exclusivamente a verdade, sua preocupação como filósofo; seus denunciadores, ao contrário, não teriam compromisso com ela, mas apenas com a persuasão, com o uso da retórica para obtenção de seus interesses. O filósofo resgata as acusações que pesam sobre ele, desde as mais antigas, que não faziam parte do processo, mas poderiam influenciar a decisão dos juízes, até as mais recentes e oficiais. As denúncias que pesam contra Sócrates são a de não reconhecer os deuses que o Estado reconhece, de introduzir novos cultos, e, também, de corromper a juventude, pelo que receberia pena capital, caso fosse julgado culpado. Essa acusação é assinada por Meleto, que representa os poetas, mas não somente ele, também Ânito, representante dos políticos e artífices e Licon, ligado aos oradores.


Pouco se sabe sobre Mileto. Teria sido um tragediógrafo, cujos motivos para acusá-lo, Sócrates alega desconhecer. Ânito é tido como o provável mentor do processo. Era um cidadão importante, pertencente a uma família de ricos comerciantes de curtumes, fora general a serviço de Atenas. Destacou-se no cenário político , ganhando simpatia por não pleitear recompensas pelos prejuízos econômicos, que sofrera durante a oligarquia. As razões que o levaram acusar Sócrates foram muitas, dentre elas, o relacionamento desaprovado de seu filho com o filósofo. Sobre Licon, pouco se sabe. Foi um orador relativamente afamado em Atenas, cujos motivos para a acusação, Sócrates afirma desconhecer.


Em sua defesa, Sócrates, que atesta veementemente sua franqueza, menciona que o Oráculo de Delfos afirmou ser ele o homem mais sábio de sua época, pois ao inquirir os políticos, os poetas e os artífices, todos afirmavam obter a plena sabedoria, e que somente ele, Sócrates, era o verdadeiro sábio, porque tinha a plena noção de sua “douta-ignorância” (“Sei que nada sei”).


Depois de ser julgado, enquanto aguarda a sentença, Sócrates volta a fazer o que pensa ser justo, mesmo que suas ações o levem à morte. Ao ser julgado, Sócrates diz não estranhar a decisão, mas sim a razão dos votos contra (230) e a favor (280) da condenação. Lamenta as leis de Atenas que lhe concedem pouco tempo para sua defesa, em comparação a outras cidades em que a lei impede que uma pena de morte possa ser ditada em apenas um dia, e que por isso, seria impossível se desfazer de tantas acusações em tão pouco tempo. Sócrates, afirma que não se arrepende da sua defesa, pois os que o condenam serão condenados mais tarde. E pronuncia um discurso elogioso sobre a morte, destacando o desconhecimento que o homem tem de sua real natureza, e elencando as duas hipóteses: a da morte ser um sonho eterno e uma ausência de sentidos ou simples passagem para um outro mundo, regozijando-se com ambas.


"Mas já é hora de nos retirarmos, eu, para morrer, e vocês para viverem. Entre vocês e eu, quem está melhor? Isso é o que ninguém sabe, exceto Zeus."

2.11.09

Quem deve pagar a conta?





Entenda porque o homem deve pagar a conta!... Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de
 estresse que isso desencadeia em nossas vidas.
 Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele
 acaba te chamando para sair. Um jantar. Pronto, acabou
 seu último minuto de paz. Ele diz como se fosse a coisa mais simples
do mundo 'Vamos jantar amanhã?'. Você sorri e responde como se fosse
 a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'.
 Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se
 reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar
 apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e
 começa a odisséia. Evidentemente, você também para de comer, afinal,
 quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda.
 Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem
 comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma
 fatia de queijo. Muito saudável.
 Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você
 provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés têm que estar
 feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar
 se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?'
 Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o infeliz me
 levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o
 sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito! Tive que
 tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado
 e cutícula do tamanho de um champignon! Para nossa paz de espírito,
 melhor fazer mão e pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara
 bizarra por pé feminino.
 OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando a bunda e o
 desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa
 de... Melhor mudar de assunto.
 As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum
 tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte tintura,
 retoque de raiz, etc. Eu não faço, mas conheço quem faça. E nessa se
 vai mais uma hora do seu dia.
 Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão,
 pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair com
ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial, dependendo
 da ocasião. Pronto, mais horas do dia. Se você trabalha, provavelmente
 vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr para comprar
 roupa no final do dia em um shopping.
Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem
 nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que
 seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila,
virilha, sobrancelha etc, etc. Tem mulher que depila até o ...! Mulher
 sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida,
 diga-se de passagem.
 Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com
 alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir. Ah sim,
 você vai dormir, COM FOME. A dieta do queijo continua.
 Dia seguinte. É hoje seu grande dia.
 Geralmente, o Zé Ruela não comunica aonde vai levar a gente. Surge
 aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se
 quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não
 vai perceber.
 Aliás, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou
 enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe
 nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o
 por que) E não adianta pedir indicação de roupa para eles, os malditos não dão
 sequer uma pista! Claro, para eles é muito simples, os Madames só
 precisam tomar uma chuveirada, vestir uma Camisa Pólo e uma calça e
 estão prontos, seja para o show de rock, seja para um fondue.
 Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou
 para menos, vem a etapa do banho. Óleos, sabonetes aromáticos,
 esfoliação etc.
 E o cabelo? Tem que fazer uma lavagem especial, com cremes e etc. E
 depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador.
 Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco
 muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de
 dente depois de passar rímel. Melhor nem contar tudo que eu faço em
 matéria de maquiagem, se não vocês vão me achar maluca, digo, mais
 maluca. Como dizia Napoleão Bonaparte, 'Mulheres tem duas grandes
 armas: lágrimas e maquiagem'. Considerando que não faço uso das
 primeiras, me permito abusar da segunda. Se você for uma pessoa
 normal, não perde nem vinte minutos passando maquiagem.
Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que
 a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e
no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa
 imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma
 roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica
 uma..m. Se for um desses dias em que seu corpo está uma m,,, e o
 espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe
 com uma pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um
 armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'. O
 chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar
 aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser
 humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada
 a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.
 Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da ligerie. Salvo
 raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é
 confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho
 de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente
 um método anticoncepcional. Você pensa 'Eu não vou dar para ele hoje
 mesmo, que se f... '. Você veste a calcinha. Aí você começa a pensar
 'E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha
 calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir
 na frente dele... Se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o
 sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga
 e coloca uma daquelas mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar
 entrando. Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que
 qualquer deslize que fizer vai espantar o sujeito de forma
 irreversível.
 Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é
 confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser
exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com
 roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o
 animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para
 dançar! Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez
um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim
 mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar! Porque eu
 não dei o sapato? P...... Custou-me muito caro. Posso não usá-lo, mas
 quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do .... E Mas por hora, o
 sapato fica.
 Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que
 ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranqüilidade que
 passamos é pura cena. Sejam delicados e compareçam aos encontros que
 marcarem, ok? E se possível, marquem com antecedência, para a gente
 ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma...
 Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus
 dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez
 eu deva dar...' começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito.
 Eu, lido do pior jeito possível. Tenho um
 faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a
infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair
 para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um
 AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os
 primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima
 encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.
 Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da p... liga e
cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana
 que vem?'. Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham
 que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro
 deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo
 perdido... Nunca ousariam remarcar nada. Vem me buscar de maca e no
 soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essas alturas, a dieta
 radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de
 vida ou morte a porra do jantar!
 Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa
 perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um
 eufemismo na lata 'MMM... Ta cheirosa!' (tecla SAP: 'Passou muito
perfume, ....'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara
 em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, acho homem
 que repara muito é meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se
 ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto
 com a calcinha e nem ver.
 Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha (que por
 sinal custou muito caro) para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa
 calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem
 rasgar.
 Quando é comigo, passo tanto estresse que chego ao jantar com um pouco
 de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do
 pé, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino.
 Quando ele conta piadas e ri eu penso 'É, eu também estaria de bom
 humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina
 raspando no colo do meu útero'. Sinto o estômago fagocitando meu
 fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de
 mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.
 Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste
 emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.
 Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro.
Entendem porque eu bato o pé e digo que
 homem TEM QUE PAGAR A CONTA? A gente gasta muito mais para sair com
 eles do que ele com a gente!
 
Desconheço a autoria


Assim falava Zaratustra


Lançou um olhar sobre o povo e ficou calado.


Aí estão eles...


diante de mim, rindo-se.


Nada compreendem.


Não sou a boca que convém a esses ouvidos.


Assim falava Zaratustra.

30.10.09

O pequeno Príncipe


Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.


 


 Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que fez tua rosa tão importante.


É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.


 



Conhecer não é demonstrar nem explicar, é aceder à visão.


 


A ordem não cria a vida.


 


Só conheço uma liberdade, e essa é a liberdade do pensamento.


 


A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...



Quando a gente está triste demais, gosta do pôr do sol...


 


O que nos salva é dar um passo e outro ainda.


 


Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.


 


Para enxergar claro, bastar mudar a direção do olhar.


 


Uma pessoa para compreender tem de se transformar.


 


Na verdade, os homens ofendem ou por medo ou por ódio.


 


O que dá beleza ao deserto é que esconde um poço de água em qualquer parte.


 


A saudade é sinal de que perdemos algo que nos foi importante.


As pessoas grandes precisam sempre de explicações.


 



é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.


 Antoine de Saint-Exupéry.

28.10.09

ócio


A felicidade e a saúde são incompátiveis com a ociosidade


Aristóteles

solidão


   Quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só no meio da ocupada multidão

" Baudelaire"

 

 

22.10.09

Napoleão Bonaparte


Napoleão Bonaparte


Napoleão Bonaparte Imperador da França, conquistou e governou grande parte da Europa central e ocidental. Napoleão nomeou muitos membros da família Bonaparte para monarcas, mas  não sobreviveram à sua queda. Foi um dos chamados "monarcas iluminados", que tentaram aplicar à política as idéias do movimento filosófico chamado Iluminismo. Napoleão Bonaparte tornou-se uma figura importante no cenário político mundial da época, já que esteve no poder da França durante 16 anos e nesse tempo conquistou grandes partes do continente europeu. Os biógrafos afirmam que seu sucesso deu-se devido ao seu talento como estrategista, ao seu talento para empolgar os soldados com promessas de riqueza e glória após vencidas as batalhas, além do seu espírito de liderança.


O governo do Diretório foi derrubado na França sob o comando de Napoleão Bonaparte, que, junto com a alta burguesia, instituiu o consulado, primeira fase do governo de Napoleão. Este golpe ficou conhecido como 'Golpe 18 de Brumário'.


Era napoleônica


A sociedade francesa estava passando por um momento tenso com os processos revolucionários ocorridos no país. O fim do processo revolucionário na França, com o Golpe 18 de Brumário, marcou o início de um novo período na história francesa e, conseqüentemente, da Europa: a Era Napoleônica.


Pode-se dividir seu governo em três partes:


Consulado (1799-1804)


Império (1804-1815)


Governo dos Cem Dias (1815)


Consulado


Instalou-se o governo do consulado de Napoleão após a queda do Diretório. O consulado possuía características republicanas, além de ser centralizado e dominado por militares. No poder Executivo, três pessoas eram responsáveis: os cônsules Roger Ducos, Emmanuel Sieyès e o próprio Napoleão. Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais tinha influência e poder no Executivo era Napoleão, que foi eleito primeiro-cônsul da República.


Criavam-se instituições novas, com cunho democrático, para disfarçar o seu centralismo no poder. As instituições criadas foram o Senado, o Tribunal, o Corpo Legislativo e o Conselho de Estado. Mas o responsável pelo comando do exército, pela política externa, pela autoria das leis e quem nomeava os membros da administração era o primeiro-cônsul.


Quem estava no centro do poder na época do consulado era a burguesia (os industriais, os financistas, comerciantes), e consolidaram-se como o grupo dirigente na França. Abandonaram-se os ideais "liberdade, igualdade, fraternidade" da época da Revolução Francesa, e mediante forte censura à imprensa e ação violenta dos órgãos policiais, desmanchou-se a oposição ao governo.



Durante o período do consulado, ocorreu uma recuperação econômica, jurídica e administrativa na França:


criou-se o Banco da França reduzindo-se a inflação , houve estímulos à produção e ao consumo interno.


 um acordo, sob aprovação do Papa Pio VII, dava direito ao governo francês de confiscar as propriedades da Igreja e, em troca, o governo teria de amparar o clero.


 Estabeleceu-se o Código Napoleônico, um Código Civil, representando em grande parte os interesses dos burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos ante a lei.


Reorganizou-se o ensino e a prioridade foi a formação do cidadão francês.


 Após uma década de conflitos gerais no país, com a Revolução Francesa, as medidas aplicadas deram para o povo francês a esperança de uma estabilização do governo. Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão agradaram à classe dominante francesa. Com o apoio desta, elevou-se Napoleão ao nível de cônsul vitalício, podendo indicar seu sucessor. Esta realização implicou na instituição de um regime monárquico.


 durante o governo de Napoleão, a França vendeu seus territórios na América para os recém-nascidos Estados Unidos da América. Isso permitiu a expansão das fronteiras dos Estados Unidos para o oeste.


A maior parte do dinheiro obtido na venda foi direcionada ao fortalecimento do exército francês para sua expansão territorial no continente europeu.


Império





 Em plebiscito realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleônica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.


Realizou-se uma festa para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimônia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.


Concederam-se títulos nobiliárquicos aos familiares de Napoleão, por ele mesmo. Além disso, colocou-os em altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Para celebrar os triunfos de seu governo, Napoleão I construiu monumentos grandiosos, como o Arco do Triunfo que, como outras grandes obras da época, por sua grandiosidade e por criar empregos, melhorava a imagem de Napoleão ante o povo.


O Império Francês atingiu sua extensão máxima com quase toda a Europa Ocidental e grande parte da Oriental ocupadas.


Expansão territorial militar


Neste período, Napoleão realizou uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para a França. O exército francês aumentou o número de armas e de combatentes, e tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.


Pensando que a expansão e crescimento econômico-militar da França era uma ameaça à Inglaterra, os diplomatas ingleses formaram coligações internacionais para se opor ao novo governo francês e a seu expansionismo.A primeira coligação formada para deter os franceses era formada pela Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia.


os franceses usaram a marinha para atacar a Inglaterra, mas não obtiveram êxito, derrotados pela marinha inglesa. Ao contrário do malogro com os ingleses, os franceses venceram seus outros inimigos da coligação, como a Áustria, em 1805, na Batalha de Austerlitz, além da Prússia em 1806 e Rússia em 1807.


Bloqueio Continental


Na busca de outras maneiras para derrotar ou debilitar os ingleses, o Império Francês decretou o Bloqueio Continental, em que Napoleão determinava que todos os países europeus deveriam fechar os portos para o comércio com a Inglaterra, debilitando as exportações do país e causando uma crise industrial.


Um problema que afetou muitos países participantes do Bloqueio era que a Inglaterra, que já passara pela Revolução Industrial, estava com uma consolidada produção de produtos industriais, e muitos países europeus ainda não tinham produção industrial própria, e dependiam da Inglaterra para importar este tipo de produto, em troca de produtos agrícolas.


A França procurou beneficiar-se do bloqueio com o aumento da venda dos produtos produzidos pelos franceses, ampliando as exportações dentro da Europa e no mundo. A fraca quantidade de produtos manufaturados deixou alguns países sem recursos industriais.


Derrota francesa na Rússia


A aliança franco-russa é quebrada pelo czar Alexandre, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia. Sem saída a Rússia usa uma tática de guerra chamada Terra Arrasada, que consistia em destruir cidades inteiras para criar um campo de batalha favorável aos defensores. Aliada com o inverno rigoroso, a Rússia consegue vencer o Exército Napoleônico . Enquanto isso, na França, o general Malet, apoiado por setores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesas, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e domina a situação.


Invasão dos aliados e derrota de Napoleão


Tem início então a luta da coligação européia contra a França na batalha das Nações(confederação do Reno)que acabou com a derrota de napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar.


Governo dos Cem Dias


O Tratado de Fontainebleau,  exila Napoleão na Ilha de Elba, de onde foge no ano seguinte. Desembarca na França com um Exército e reconquista o poder. Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma sua luta contra o Exército francês. Napoleão entra na Bélgica, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleônico.


Exílio em Santa Helena


O imperador entrega-se aos Ingleses e é por estes deportado para Santa Helena, uma pequena ilha perdida no Atlântico sul, "para lá de África", como dizem os seus carcereiros. Ali, sozinho com as suas reflexões, dirá: "O infortúnio também encerra glória e heroísmo. Se tivesse morrido no trono, com a auréola da onipotência, a minha história ficaria incompleta para muita gente. Hoje, mercê da desgraça, posso ser julgado por aquilo que realmente sou."


Em 5 de Maio de 1821, com uma violenta tempestade assolando a ilha, Napoleão morre, segundo a opinião do médico que o assistiu, não de um cancro no estômago, como seu pai, mas de uma úlcera provocada por uma má dieta e, sobretudo, pela ansiedade. Um antigo companheiro de armas envolve-o no capote que usou na Batalha de Marengo.


Até hoje, não há certeza da causa da morte de Napoleão. Na década de 1960, pesquisadores investigaram sua casa na ilha de Santa Helena e encontraram restos de arsênio (veneno letal) em suas roupas, cabelo, nos móveis, pratos, talheres, etc. Então, concluiu-se que ele fora envenenado aos poucos, até sua morte.


Porém, hoje em dia, já se sabe que Napoleão tinha câncer no estômago e, provavelmente, foi tratado com um remédio da época que, possuía, em sua constituição, arsênio e solventes. Como tomou esse remédio por um período grande e constantemente, acredita-se que o arsênio acumulou-se em seu organismo.