Jean Paul Sartre
Jean Paul Sartre foi um filósofo francês, escritor e crítico, conhecido representante do existencialismo. Apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.
Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência.
De sua primeira infância ao fim da adolescência, Sartre vive uma vida tipicamente burguesa, cercado de mimos e proteção.Até os 10 anos foi educado em casa por seu avô e por alguns preceptores contratados.
Após aprender a ler, Jean-Paul alterna a leitura de Victor Hugo, Flaubert, Mallarmé, Corneille, Maupassant e Goethe,com os quadrinhos e romances de aventura que sua mãe comprava semanalmente às escondidas do avô. Sartre considerava serem essas suas "verdadeiras leituras", uma vez que a leitura dos clássicos era feita por obrigação educacional.A essas influências, junta-se o cinema, que frequentava com sua mãe e que se tornaria mais tarde um de seus maiores interesses.
Apenas seu avô o desencorajava da escrita e o incentivava a seguir carreira de professor de letras. Sem enxergar nele o talento que os demais viam, mas conformado com o fato de que seu neto "tinha a bossa da literatura", incentivou Sartre a tornar-se professor por profissão e escrever apenas como segunda atividade. Assim, Sartre atribui ao avô a consolidação de sua vocação de escritor: "Perdido, aceitei, para obedecer a Karl, a carreira de escritor menor. Em suma, ele me atirou na literatura pelo cuidado que desprendeu em desviar-me dela".
Em 1921 retorna ao Liceu Henri IV, agora como interno. Encontra Paul Nizan e os dois tornam-se amigos inseparáveis. De 1922 a 1924, ambos estudam no curso preparatório do liceu Louis-le-Grand, onde se preparam para o concurso da École Normale Superieure. Nessa época despertou seu interesse pela filosofia. Sua primeira influência importante foi a obra de Henri Bergson.
Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure eventos sociais, Sartre torna-se muito popular entre os colegas. Os alunos da escola se dividem em grupos de afinidades religiosas ("ateus" e "carolas"), e facções políticas: Socialistas, comunistas, reacionários, pacifistas. Sartre adere aos ateus e aos pacifistas, Sartre mantém o individualismo e o desinteresse pela política que conservaria até o fim da Segunda Guerra. No campo filosófico, além de Bergson, passou a ler Nietzsche, Kant, Descartes e Spinoza. Em 1928 presta o exame de mestrado e é reprovado. Durante o ano de preparação para a segunda tentativa, Conhece Simone de Beauvoir que mais tarde se tornaria sua companheira e colaboradora até o fim da vida. Na segunda tentativa do mestrado, Sartre passa em primeiro lugar, no mesmo ano em que Beauvoir obtém a segunda colocação.[24][25]
Sartre e Beauvoir nunca formaram um casal monogâmico. Não se casaram e mantinham uma relação aberta. Sua correspondência é repleta de confidências sobre suas relações com outros parceiros. Além da relação amorosa, eles tinham uma grande afinidade intelectual. Beauvoir colaborou com a obra filosófica de Sartre, revisava seus livros e também se tornou uma das principais filósofas do movimento existencialista.
Em 1938 publica o romance La Nausée (A náusea) e a coletânea de contos Le mur (O muro). A náusea apresenta, em forma de ficção, o tema da contingência e torna-se seu primeiro sucesso literário, o que contribui para o início da influência de Sartre na cultura francesa e no surgimento da moda existencialista que dominou Paris na década de 1940.
Em 1943 publica seu mais famoso livro filosófico, L'Être et le Néant (O Ser e o Nada) , que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.
Em 1964 vence o Prêmio Nobel de literatura, que ele recusa pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. No mesmo túmulo jaz Simone de Beauvoir.
Sartre defende que o homem é livre e responsável por tudo que está à sua volta. Somos inteiramente responsáveis por nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Em Sartre, temos a idéia de liberdade como uma pena, por assim dizer. "O homem está condenado a ser livre". Se, como Nietzsche afirmava, já não havia a existência de um Deus que pudesse justificar os acontecimentos, a idéia de destino, tal como descrita pelo cristianismo, passava a ser inconcebível, sendo então o homem o único responsável por seus atos e escolhas. Para Sartre, nossas escolhas são direcionadas por aquilo que nos aparenta ser o bem, mais especificamente por um engajamento naquilo que aparenta ser o bem e assim tendo consciência de si mesmo. Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que somos.
Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante relevo a responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas conseqüências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas, de forma a modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Assim, perante suas escolhas, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade.
Sartre nega, ainda, a suposição de que haja um propósito universal, um plano ou destino maior, onde seríamos apenas atores de um roteiro definido.
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